"Pousa o prato na mesa, depois os talheres,
o copo, o guardanapo. Bebe água,
mas podia beber vinho. Tudo nele
é uma regra. Cada gesto um esforço,
o espaço que abre entre o conjunto dos
movimentos e a luz com que os executa.
Fluorescente, trémula, quase verde
áspera, como a morte. Não que a energia,
a vidência dos movimentos às escuras,
lhe impeça o sabor. No fim, lava tudo,
a louça, as mãos, a dor."
Carlos Bessa em "Em Partes Iguais"
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