segunda-feira, 2 de setembro de 2019

"Abstrusa, não me venhas condenar
O meu amor precário, não te afronte
O meu acinte, o já não seres a fonte
De júbilo, tão-só de jubilar.
Nasceu primeiro o ovo ou a galinha?
Assim não me condenes à falência;
Não ralhes a estação da minha ausência,
Não ralhes ter chegado o fim da linha,
Se foi de ti que tanto Outono veio.
Faliu-nos a empresa, a nossa gesta:
Teus lábios são ventosas, torniquetes
Teus abraços, a voz claquete, fretes,
Em suma, tudo o que há e o que lhe resta,
Ao mártir que ama o belo no teu feio."
 
 
Daniel Jonas  em "Oblívio"
Assírio & Alvim, 2017
Página 30

Sem comentários:

Enviar um comentário