segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

 
"São ainda os Chineses que apreciam essa pedra a que chamamos jade: não seria, de facto, necessário sermos Extremo-Orientais como somos para achar atraentes esses blocos de pedra, estranhamente enevoados, que aprisionam nas profundezas da sua massa vagas luzes fugitivas e indolentes, como se neles se tivesse coagulado um ar várias vezes centenário?"


"Comprazemo-nos nessa claridade ténue, feita de luz exterior de aparência incerta, retida na superfície das paredes de cor crepuscular, e que conserva com dificuldade uma última réstia de vida."


" ... contemplando as trevas escondidas atrás da viga superior, em redor de uma jarra de flores, sob uma prateleira, e sabendo perfeitamente que são sombras insignificantes, experimentamos a sensação de que, nesses locais, o ar encerra uma espessura de silêncio, que uma serenidade eternamente inalterável reina nessa escuridão. Afinal, quando os Ocidentais falam de «mistérios do Oriente», é bem possível que se refiram a essa calma um pouco inquietante que a sombra segrega quando possui essa qualidade."




"Elogio Da Sombra" de Junichiro Tanizaki
Relógio D'Água Editores, Fevereiro de 1999
Páginas 21, 32 e 34

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