quinta-feira, 14 de outubro de 2021

 "A manhã já vai alta, e eu não sou da altura da manhã."


"Por que é que escrever se parece com um amigo?"


"Para mim, o exílio faz parte da escrita, e não quero perdê-lo; dá-me o afastamento de pressões, a distância para poder querer sem entravar o imaginar; por vezes, o sofrimento é aquele sentimento que me impele no trabalho como uma necessidade: eu continuo a existir porque escrevo."


"Inquietação harmoniosa.
Os que crêem no real e na poesia, não têm fé."


"Eu não sou terna com ele, diz o Augusto; é uma impossibilidade; a minha ternura fechou-se dentro das palavras; deu-se às palavras. É um destino que se cumpre."


"O preço da liberdade é uma certa solidão."


"O jardim respirava novos cheiros que não provinham de árvores, mas de pássaros que mudavam as penas sobre eles, nesta época de civilizações florais diferentes; a solidão era a superfície natural do jardim, ..."


"A vida de escritor, é, para mim, a vida de alguém que se orienta pela escrita, ou seja, que se aventura com o que escreve; pouco a pouco, e com o tempo, compreendi que escrever era uma coisa, que ganhar a vida devia ser para mim outra; escrever afastava-se, assim, do facto de obrigatoriamente ter de enfrentar qualquer frente social."


"A vida da escrita não tem semelhante, é uma vida musical em que descubro as notas; é uma vida vegetal em que descubro as árvores; é uma vida divina, é uma vida de acontecimentos divinos; é uma vida de acontecimentos que poderiam relacionar-se com a divindade."


"Penetrei o âmago das árvores.
Convento de Santa Cruz dos Capuchos"


"Eu não sou uma intelectual, conheço e cultivo o que é necessário à minha vida; se me lembrei de escrever foi porque, sem esse lado da revelação, eu ficaria sem caminho; caminho sobre a escrita como sobre as águas; ..."




"Numerosas Linhas - Livro de Horas III" de Maria Gabriela Llansol
Assírio & Alvim
1ª Edição, Outubro de 2013
Páginas 188, 192, 208, 225, 241, 246, 269, 286, 293, 327, 333 e 334

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