quinta-feira, 18 de março de 2021

 
"Sopa de mostarda. Cozinha-se depressa, não dá muito trabalho e, por isso, consegui fazê-la a tempo. Primeiro, aquece-se numa frigideira um pedaço de manteiga e adiciona-se farinha, como quem vai fazer bechamel. A farinha absorve lindamente a manteiga derretida, depois sacia-se dela, incha satisfeita e, nessa altura, deita-se leite e água, na mesma proporção. Infelizmente, é o fim da brincadeira entre a manteiga e a farinha e, a pouco e pouco, a sopa vai ganhando forma, sendo ainda preciso temperar este líquido ainda claro e inocente com sal, pimenta e cominhos, deixá-lo levantar fervura e tirar do lume. E só então se adiciona mostarda de três tipos: mostarda em grão, como a francesa de Dijon; mostarda cremosa, suave e fina à moda russa, e mostarda em pó. É importante que a mostarda não ferva, senão a sopa perde o seu sabor e torna-se amarga. Sirvo esta sopa com torradinhas, e sei que Dyzio gosta muito dela."




"Conduz O Teu Arado Sobre Os Ossos Dos Mortos" de Olga Tokarczuk
Cavalo de Ferro
3ª edição, Novembro de 2018
Página 259

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